Buracos negros gigantescos à espreita nos limites do Universo

Cientistas da Universidade de Cambridge, usando equipamento de ponta para a observação do céu no infravermelho
, descobriram uma nova população de buracos negros  enormes, de grande massa , em rápido crescimento no Universo primitivo. Os buracos negros não tinham sido previamente detectados porque se encontram envoltos em espessas camadas de poeira. O novo estudo mostrou, porém, que eles estão a emitir enormes quantidades de radiação  através de interações violentas com as galáxias  que os hospedam. A equipa publicou os seus resultados nos Monthly Notices da Royal Astronomical Society

O objecto mais impressionante do estudo é um buraco negro de grande massa denominado ULASJ1234+0907. Este objecto, localizado na direcção da constelação
 da Virgem, encontra-se tão longe que a luz que dele recebemos levou 11 mil milhões anos a chegar até nós, por isso, vemo-lo como ele era nos primórdios do Universo. O monstruoso buraco negro tem mais de 10 mil milhões de vezes a massa do Sol  e 10000 vezes a massa do buraco negro da nossa própria Galáxia , tornando-se, assim, um dos de maior massa descobertos. 

A pesquisa indica que pode haver cerca de 400 buracos negros gigantes deste tipo na região do Universo que podemos observar. "Estes resultados podem ter um impacto significativo nos estudos de buracos negros de grande massa", disse o Dr. Manda Banerji, principal autor do artigo. "A maior parte dos buracos negros deste tipo são detectados através da matéria que arrastam para o seu interior. À medida que a matéria existente na sua vizinhança é levada, em espiral, para dentro de um buraco negro, este aquece. Os astrónomos são capazes de ver esta radiação e de observar estes sistemas." 


Embora os buracos negros estejam a ser estudados há algum tempo, os novos resultados indicam que alguns dos de maior massa podem ter estado, até agora, ocultos à nossa vista." Os buracos negros recém-descobertos, devorando o equivalente a várias centenas de sóis em cada ano, irão ajudar a compreender os processos físicos que governam o crescimento de todos os buracos negros de grande massa. 

Sabe-se que existem buracos negros de grande massa nas regiões centrais de todas as galáxias. Nas galáxias de maior massa existentes no Universo, os modelos prevêem que eles cresçam através de colisões violentas com outras galáxias - um processo que desencadeia a formação de estrelas

, fornecendo alimento para os buracos negros devorarem e crescerem. Estas colisões violentas também produzem poeira, dentro das galáxias, capaz de ocultar o buraco negro, por um curto período de tempo, enquanto ele se alimenta. 

Em comparação com objectos remotos, como o ULASJ1234+0907, o exemplo mais espectacular de um buraco negro a crescer no meio da poeira, no Universo Local, é o que se encontra na bem estudada galáxia Markarian 231, localizada a apenas 600 milhões de anos-luz
 de distância. Estudos detalhados realizados com o Telescópio Espacial Hubble  mostraram evidências de que Markarian 231 sofreu um impacto violento com outra galáxia, no passado recente. ULASJ1234+0907 é a versão extrema desta galáxia próxima, indicando que as condições no Universo primitivo eram muito mais turbulentas e hostis do que são hoje. 

No novo estudo, a equipa de Cambridge usou dados provenientes de pesquisas no infravermelho, realizadas pelo Telescópio de Infravermelhos do Reino Unido (UKIRT), para conseguir ver através da poeira e localizar, pela primeira vez, estes buracos negros gigantes. O professor Richard McMahon, co-autor do estudo, que também está a liderar a maior pesquisa do céu no infravermelho, disse: "Estes resultados são particularmente interessantes porque mostram que as novas investigações do céu no infravermelho estão a encontrar buracos negros de grande massa que não se vêm em observações realizadas no visível. Estes novos quasares
 são importantes porque podemos estar a surpreendê-los no momentos em que se alimentam, através de colisões com outras galáxias. Observações com o novo telescópio, o Atacama Large Millimeter Array  (ALMA), no Chile, irão permitir-nos testar directamente esta imagem através da detecção da frequência  da radiação de microondas  emitida pelas grandes quantidades de gás nas galáxias em colisão." 

Fonte da notícia: http://www.ras.org.uk/news-and-press/219-news-2012/2176-new-surveys-peer-through-dust-to-reveal-giant-supermassive-black-holes

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